Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme

Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme
19/06/2019

Em 19 de junho, se comemora o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme. Tendo em vista que a Bahia detém a maior frequência da DF no Brasil, a Apae Salvador, a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e a Secretaria de Saúde do Estado realizaram um estudo que a redução da letalidade (mortes provocadas devido a complicações da doença ) em crianças / adolescentes com DF triadas pelo Serviço de Referência de Triagem Neonatal (SRTN) do Estado da Bahia, no período de 2002 a 2015.


A doença falciforme (DF) é um distúrbio genético que inclui uma presença da hemoglobina S (HbS) em homozigose (anemia falciforme, forma mais grave) ou associada a outra hemoglobina anômala, como a hemoglobina C (Doença SC). Desde 2001, o Serviço de Referência em Triagem Neonatal da Bahia (SRTN-BA), da Apae Salvador, vem realizando o teste do pezinho para Doença Falciforme e outras hemoglobinopatias, cujo objetivo principal é promover o diagnóstico precoce da doença, instituir medidas preventivas e educativas no manejo da patologia.


Uma pesquisa


Todas as crianças / adolescentes triadas no SRTN-BA no período de 2002 a 2015 com diagnóstico de DF foram investigadas quanto à ocorrência de registro de óbito no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), disponibilizado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB ) Nenhum período avaliado, foram triados 3193 recém nascidos com DF, sendo 1.475 com hemoglobinopatia SC e 1.744 com anemia falciforme (SS). A taxa de letalidade (frequência de mortes atribuída a doença) geral no período foi de 2,8%. Foram registrados 88 óbitos, dos quais 16 entre os que apresentavam hemoglobinopatia SC e 72 entre aqueles com anemia SS. Ou seja, as crianças com a forma mais grave da doença, uma anemia falciforme, quase quatro vezes mais letalidade. A cada ano, em média, ocorreram 6 óbitos, com uma tendência à redução da letalidade no período, em média de 10% ao ano (gráfico 1). Insuficiência respiratória, parada cardiorrespiratória e induzida associada à ocorrência de causas mais comuns de óbito, respectivamente com 31,8%, 31,8% e 14,8% das ocorrências.

 



Gráfico 1 - Evolução da letalidade por Doença Falciforme em crianças e adolescentes triados pelo SRTN-Ba entre 2002 e 2015. Dados de letalidade obtidos até dezembro de 2017.

Uma faixa etária com maior número de óbitos foi entre 1 e 4 anos (gráfico 2). Essa parece ter a idade crucial na ampliação do cuidado multiprofissional com o intuito de reduzir a letalidade pela doença falciforme.



Gráfico 2 - Distribuição da frequência de óbitos por Doença Falciforme em crianças e adolescentes triados pelo SRTN-Ba entre 2002 e 2015. Dados de letalidade obtidos até dezembro de 2017.

Estes números revelam que a letalidade por DF no estado da Bahia pode ser considerada baixa, quando comparada às expectativas às populações de crianças com DF que não realizaram o teste do pezinho (cuja doença foi detectada mais tarde, quando os sintomas já estavam aparentes) . Estudos prévios à implantação da triagem neonatal descrevem letalidade entre 18 e 45% nos primeiros anos de vida, valores de 6 a 15 vezes superiores aos observados após a implantação do programa de atenção especial por crianças com DF.


Os dados mostram que uma triagem neonatal se apresenta como ferramenta altamente eficaz em reduzir a mortalidade por DF na faixa etária pediátrica, além de reforçar a importância do investimento em atenção à saúde das crianças em todos os níveis, incluindo a atenção básica à saúde.

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